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Foto do escritorNadia Bonassi

Dificuldades em matemática e discalculia.


Você sabia que...

> Apenas 2 de cada 10 estudantes brasileiros concluem o ensino fundamental com as competências mínimas de matemática?

> Apenas 4% estão aptos a trabalhar com tecnologia?

> 40% dos alunos não entendem o enunciado das questões de matemática?

>7 de cada 10 alunos do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática, diz MEC (2018)?


Ansiedade matemática: quando estudar parece assustador!



“Ai, eu detesto matemática. Passo até mal antes de uma prova!” Esta é uma frase que escutamos frequentemente, principalmente entre os adolescentes. Do ponto de vista cultural, há inclusive uma aceitação de que esta disciplina seja difícil e de “arrepiar os cabelos”. Mas para algumas crianças e adolescentes a matemática é tão aterrorizante que chega a ser fonte de uma ansiedade além do esperado.

A ansiedade matemática é uma fobia específica, que aparece como um sentimento de tensão ou desamparo e preocupação extrema frente a situações ou estímulos que envolvem a matemática ou números¹. Assim como as outras fobias específicas, a ansiedade matemática apresenta três níveis de resposta¹:

  •         Comportamental: fuga, esquiva, evitação perante estímulos ou situações ansiogênicas.

  •          Fisiológica: taquicardia, estômago revirando, sudorese e outras reações autonômicas.

  •         Cognitiva: pensamentos de desamparo e distorcidos (“não consigo aprender”, “sou burro”).

Como a dificuldade na matemática pode ser persistente, com o passar dos anos a criança com discalculia (dificuldades específica de matemática) tem grandes riscos de desenvolver ansiedade matemática, uma vez que a disciplina vai se tornando cada vez mais aversiva.

Imagine você ter que se deparar diariamente com uma situação ou atividade no qual você sabe que não é bom? Um sentimento de frustração e de desamparo tendem a tomar conta de você. Nesse sentido um programa de intervenção para crianças com discalculia deve não só adequar o currículo de matemática às habilidades da criança, como também ter como foco estratégias que ensinem ao aluno manejar e superar momentos no qual ele se sinta inferior ou incapaz em virtude de suas dificuldades na matemática.

Mas nem todas as crianças e adolescentes tem discalculia, precisamos acrescentar ainda que a quantidade de crianças e adolescentes com ansiedade matemática é bem maior que aqueles com discalculia. Isso significa que a maior parte das crianças com fracasso escolar na matemática apresentam este perfil por causas extrínsecas.


Crianças/adolescentes com ansiedade matemática, como descrito, tendem a se esquivar de tarefas dessa disciplina, consequentemente, começam a apresentar mais dificuldades de aprendizagem em matemática.

Família e escola tentam transpor o problema por meio de aulas de reforço, recuperação paralela ou estratégicas pedagógicas. Mas para alguns estudantes no qual a ansiedade é muito grande, faz-se necessário, além de uma estimulação pedagógica, usar técnicas cognitivo-comportamental.

Caso você se depare com um aluno que fica muito nervoso antes de prova, apresenta suor nas mãos, dor de barriga e sentimentos de desamparo perante a disciplina, sugerimos encaminhá-lo para uma avaliação neuropsicológica que pontue e direcione a escola e família sobre a existência do quadro de ansiedade matemática ou de outras condições.

Vale lembrar que a avaliação neuropsicológica investiga não só características cognitivas e emocionais da criança, mas também características sociais, como da escola e família.


No próximo artigo falaremos das estratégias para ajudar as crianças e adolescentes na matemática.

  1.        Haase, V.G.; Júlio-Costa, A.; Pinheiro-Chagas, P.; Oliveira, L.F.S.; Micheli, L.R.; Wood, G. (2012). Math Self-Assessment, but Not Negative Feelings, Predicts Mathematics Performance of Elementary School Children. Child Development Research, v. 2012, p. 1-10.


Texto escrito por:

Annelise Júlio-Costa

Psicóloga & Farmacêutica

Sócia e Diretora de Educação do iLumina Neurociências

Mestre e Doutoranda em Neurociências – UFMG

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